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sábado, 17 de agosto de 2019

Contrastes, estética e doutrinas na Missa Tridentina.


(Extraída de anotações sobre aula do pe. Pasquotto em Salvador em agosto de 2012)

Um diamante puro e bem lapidado é belo, mas em torno dele é possível, como numa joia, adornar com outras matérias preciosas de menor valor como ouro, prata, rubis, safiras e pérolas que conferem não mais apenas o bem do diamante isolado mas um conjunto de excelente qualidade que o realça ainda mais a veracidade.
Por outro lado se o diamante é posto em ostensório plástico adornado de papel celofane evidentemente, além de escândalo, colocaria em dúvida se é mesmo diamante ou é só vidro.

A Missa em si própria é apenas a consagração do pão e do vinho em corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Corpo e Sangue separados é a morte. O Cordeiro está imolado e está feito o precioso Sacrifício, o Calvário se faz presente de forma incruenta.


Em torno desse sacrifício ao longo dos séculos foi se adornando-o até chegar as codificações conhecidas dos muitos ritos que a Igreja tem pelo mundo. Em Roma o rito do Papa se chamou Tridentino após o concílio de Trento no século XVI, mas desde de S.Gregório Magno já estava codificado. Para se mostrar adesão ao bispo de Roma, o Papa, o rito se tornou universal e adotado pelos portugueses e por todo o Brasil.
Desta forma entendemos toda a codificação de partes, gestos e palavras da Missa em torno de Deus realçando a presença real de Cristo na eucaristia.

O Missal tem suas rubricas nos detalhes e o manual de liturgia explica cada gesto do padre, desde a sacristia até o fim da Missa. A codificação é milimetrada e não deixa o mínimo detalhe em aberto para o improviso ou a dúvida. Se o contrário fosse, uma rubrica cheia de variantes 'faz-se isso ou isso ou isso', abrir-se-ia caminho a arbitrariedade e até mesmo a desobediências descaradas tornando o culto amorfo. O zelo as regras litúrgicas é essencial para o culto.

A beleza da Missa Tridentina é um grande argumento e não uma superficialidade sentimental, nem gosto particular nem, pior ainda, subjetiva. Segundo S. Tomás a beleza é algo que agrada a inteligência objetivamente e para ser é necessário que seja 'integra', 'ordenada' e que exista 'esplendor'. 

A integridade da Missa está em suas partes integrando a expressão clara da doutrina católica sobre principalmente:
- A diferença do sacerdócio do padre e dos fieis como o altar elevado, orações que só o padre reza, contato direto com o sacrifício etc; 
- A presença real de Nosso Senhor na eucaristia nas constantes genuflexões, reverências etc e 
- O caráter de sacrifício propiciatório que é feito para perdoar os nossos pecados com constantes lembranças que somos pecadores nos confessando e pedindo perdão.

As repetições de persignação, genuflexão, confissão, leituras ao longo do ano, orações etc são partes integrais da Missa que servem para fortalecer o dogma nos fieis. Elas não devem ser suprimidas pois se forem os fieis logo esquecem. É um grande erro o princípio de mero funcionalismo julgando ser desnecessária  repetições que são tão importantes táticas do magistério.

A ordem da Missa está na sequencia em que todo o rito se desenvolve e na precisão dos gestos muito bem colocados. Não se chega no altar de qualquer modo e se consagra nem se incensa a esmo, mas primeiro se faz as orações ao pé do altar reconhecendo que somos todos pecadores, depois faz-se orações de subida ao altar, beija-o, reza-se o introito, o kyrie, o gloria etc.

O esplendor se percebe pelo reconhecimento de que a Missa é fulgurosa, inspira recolhimento e elevação da alma quanto mais exprime as suas partes.

Desta forma, independente de fieis e de homilia, a doutrina está expressa no fato da Missa Tridentina estar presente e bem ocorrendo conforme o rigor pouco importando se o padre é o mais pecador de todos, pois de verdade ninguém é digno.

A Missa é um bem que deve ser propagado pois é próprio do bem se propagar sendo grande erro fechar uma sociedade que toma posse do rito e não o propaga. Aqueles que dizem ser má, por exemplo, a Missa pelo Motu Proprio de Bento XVI pois é 'Missa sem doutrina' na verdade pouco entendem dessa doutrina intrínseca e tampouco saem da superficialidade estética.

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