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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A arte do acordeão, uma mudança de conceito.


Naquela sequência (viciosa talvez) de pesquisar coisas que puxam outras coisas, no meu pequeno ensaio sobre a Passacaglia de Bach houve uma referência a Chacona de Pachelbel como inspiradora e logo fui pesquisar sobre ela. Adquiri uma coleção de órgão de Pachelbel interpretada por Antoine Bouchard e vi que há muitas Chaconas sendo que a catalogada como POP16 era a mais reverenciada, pesquisando sobre organistas que executam a obra eis que encontro esse russo tocando no acordeão. Incrível, jamais pensei que a "sanfona" pudesse executar algo bom, realmente meu conceito desse instrumento mudou e lamento que aqui no Brasil esse instrumento jamais é bem tocado, imagine, por minha distração ele era quase percussão de forró.

Mateus R. C. de Paula.   

sábado, 24 de agosto de 2013

Um filete d'água e o número de Reynolds

Detalhe, o escoamento em um cilindro.
Regiões laminares e turbulentas.
Um pouco de física e quanto podemos observar o fascinante cosmos e dominarmos as coisas com razão, neste post ensaio e relembro um pouco de mecânica dos fluidos.

Vendo a água da torneira da pia escoar um "filete macio d'água" lembrei-me das aulas de Máquinas de Fluxo onde aprendi sobre o número de Reynolds que antecede os estudos de perda de energia de pressão ao longo de uma tubulação, detalhes do curso de engenharia.

O físico britânico Osborn Reynolds (1842-1912) não só observou mas parametrizou esses fenômenos dos fluidos, provou ele que existem três regimes que os fluidos escoam: laminar, transiente e turbulento.

O laminar é o que observamos em filetes de torneiras pouco abertas ou naqueles cogumelos d'água que ornamentam alguns chafarizes, arrisco até uma linguagem semiótica de tranquilidade e equilíbrio tanto que o nosso corpo tem todos os fluidos nesse regime.
O transiente é uma fase onde o regime laminar começa a se perturbar indo para um regime turbulento
O turbulento já é quando abrimos a torneira toda ou quando o regime passa a ficar perturbado, já se fala aqui de escalas industriais ou fenômenos da natureza como tempestades.
Regime laminar:  v, D, mi e rho
devem se harmonizar para que o Re seja menor que 2100.
Isso foi parametrizado pelo físico e é aplicado a qualquer fluido, seja água, óleo, mel, petróleo, ar etc.

Tal número (Re) é adimensional uma vez que todos os elementos que o resultam anulam suas unidades, foi observado que:
Re menor que 2100 resulta em regime laminar.
Re de 2100 a 4800 em transiente.
Re maior que 4800 em turbulento. Esse é o mais comum quando se trata de máquinas encontrando valores acima de um milhão.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Passacaglia de Bach ou BWV 582.

Escute aqui.
O Passacaglia de Bach, no catálogo BWV 582, inspira um estado de alma dramático que parece purgar as dissonâncias do pensamento em enquanto executada, penso que seja uma espécie de catarse.

Desde quando passei do mau para o bom gosto musical fiquei impressionado com J.S.Bach. Tomei afeição por órgão de tubos e sua complexidade de teclados, válvulas e pedaleiras, conforme um documentário da BBC  o de Buxtehude em Lübeck chega a 8220 tubos de 10mm a 30m de comprimento e é um dos mecanismos mais complexos já inventados em seu tempo, também me impressiona a coordenação do organista, cada mão toca uma coisa distinta e também os pés, uma disciplina impressionante! O Passacaglia é uma dessas, inicia com os graves dos pedais e se desenvolve em mais 20 variações em 13 minutos de uma peça dramática. Desejando ir além "da impressão e do impressionante" resolvi estudar um pouco mais a fundo o material que tenho.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Circuito dos Clássicos na UFBA: A Concepção de Herói Épico na Ilíada de Homero.

Aquiles e Pátroclo, camaradas de guerras troianas.
Ilíada de Homero.
Dia 17 de agosto de 2013 meus amigos e eu assistimos a uma aula do "Circuito dos Clássicos" com o tema "A concepção de herói épico" na Ilíada de Homero. Os exemplos dados foram das cenas heroicas à morte de Pátroclo, amigo de Aquiles, que toma o canto XVI da obra. A palestra foi no campus da UFBA de Ondina, o convite e a promoção foram feitos pelo Padre Gilson Magno, professor de latim da instituição, o ministrante foi o prof. Júlio Lopes Rego, formado em letras e também professor da instituição. A próxima aula do circuito será dia 19 de outubro sobre "prazer e virtude segundo Aristóteles" com a profª Juliana Ortegosa Aggio.   

Para quem apenas viu o título "Ilíada" nas prateleiras de livrarias não esperava nada específico, com o decorrer fui me localizando sobre o que fala a obra, é fantástica. Foi uma introdução a obra dividida em duas partes: 
I - Matéria e forma do épico clássico.
II-Teorias que interpretam Homero, ênfase na "Teoria Oral" de Milman Parry (1902-1935).

Um handout (páginas que acompanham a aula) foi nos entregue, neste tinha 9 páginas com trechos em grego e português de obras épicas além da Ilíada como a Odisseia e a Teogonia de Hesíodo. Neste post buscarei passar as principais anotações que fiz desta interessante exposição, talvez cometa alguns equívocos e acabe parafraseando de memória.

I Parte
Matéria e forma do épico clássico.
Heróis da Iliada.

A Ilíada é parte do Ciclo Troiano onde há relatos heróicos de assédio à cidade de Tróia,  no mesmo ciclo encontram-se os Poemas e a Odisseia, todas de Homero. A matéria da Ilíada será em torno de um episódio: a cólera de Aquiles.

São duas as cóleras do herói, uma no início motivada por desavença com seu comandante Agamenon e a outra com a morte de seu amigo Pátroclo por Hector de Troia que ofusca a primeira.
Do canto I ao XIX não ha Aquiles na Iliada, há sim a glória e a morte de Pátroclo que encoleriza Aquiles qual retorna para vingar-se de Hector.
No canto XXII Aquiles o "mata várias vezes" mutilando seu corpo já sem vida.
Os épicos possuem uma grande compreensão da mortalidade da condição humana.

sábado, 17 de agosto de 2013

Livro 17-VIII-2013

Está comprado mais um livro para a estante:

Bauman, Zygmunt. "Sobre Educação e Juventude". Ed. Zahar. 2012.

Pretendo com esse livro adquirir uma análise clínica sobre a educação contemporânea e quem sabe aprender um novo aspecto de solução a essa perspectiva da vida tão elementar a nossa sociedade. O livro é classificado como sociologia e o autor já me é conhecido pelo "Modernidade Líquida" e  "Amor Líquido".

Explicitamente não há um caráter católico nas obras que conheço dele, mas é notória uma sindérese bem desenvolvida com análises agudas da doença da modernidade. Diz ele que a modernidade é sedenta de autoridade capaz de produzir coesão social ou solidez, ora é claro que ele trata da ausência da Igreja.

No verso do livro encontra-se "Neste livro, o brilhante sociólogo polonês traça para os educadores um novo caminho: fomentar a resistência e o espírito crítico. E prescreve: "É pela escola que devemos recomeçar".

Resistência e espírito crítico (se não for o corrosivo de Descartes), parecem coisas que são inerentes a natureza de um bom apostolado.
Parece uma boa leitura, adiante.

Mateus R. C. de Paula.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Estrutura do Didascálicon

"Procurem primeiro a Sapiência!"

Didascálicon é relativo a didático, "coisas concernentes· à escola", e é o nome de uma obra medieval escolástica do ano 1127 escrita pelo teólogo de Blankenburg (Harz) Hugo de São Vítor (1096-1141), contemporâneo de Pedro Abelardo de Notre Dame (1079-1142) o qual contrastava no século XII, viveu antes de São Tomás de Aquino (1225-1274), pertenceu a ordem agostiniana e lecionou na abadia de São Vitor de Paris. Sua obra é um tratado sobre os estudos que integra com sabedoria Deus, o mundo e nós mesmos, a Sapiência tem o significado de Mente de Deus, sua linguagem é muito agradável e soa poesia. É o resumo dos saberes seculares e divinos da época e exortação acerca do que ler, como ler, em qual ordem ler.

Observando a edição da editora Vozes latim-português de 2001, "Disdascálicon da Arte de Ler" observo a seguinte estrutura:
1 - Uma introdução de Francisco Benjamin de Souza Neto, Professor Livre-Docente do Depto. de Filosofia - UNICAMP.
2 - A Obra de Hugo de São Vitor em latim-protuguês: Prefácio + seis livros + apêndice.
3 - Bibliografia sobre Hugo de São Vitor.

O Didascálicon é composto de seis livros, três dedicados ao conhecimento das coisas do homem pela leitura dos escritos literários e três dedicados ao conhecimento das coisas de Deus pela leitura da Sagrada Escritura. Sinaliza a centralidade da união corpo-espírito, prática-teoria, temporal-eterno, manual-intelectual no pensamento de Hugo.
Esquema dos conhecimentos.

O Livro I resume as bases ontológico-gnoseológicas da filosofia de Hugo.
O Livro II apresenta as artes.
O Livro III dá aos jovens conselhos sobre como ler e o que ler.
O Livro IV abre a série dedicada à leitura dos livros sagrados.
No Livro V Hugo dá as regras exegéticas de interpretação na leitura dos livros sagrados.
O Livro VI dedica-se mais amplamente ao estudo dos três métodos de interpretação da Escritura e oferece outros conselhos de leitura.
O Apêndice dá um resumo aforístico sobre as três maneiras de existirem das coisas na mente divina, na natureza, na mente do homem.

Livros 16-VIII-2013

Chegaram neste dia duas obras adquiridas via Estante Virtual:

Sertilanges, Pe. A.D "A Vida Intelectual - Seu espírito, suas condições, seus métodos", Ed. É Realizações, 2010.
Choay, Françoise "A Alegoria do Patrimônio", Ed. Estação Liberdade e Unesp. 2001

Espero com "A Vida Intelectual", conhecer mais detalhes disso que parece tão natural, espero me apropriar da disciplina que ordena as operações do intelecto.
Com o "A Alegoria do Patrimônio" espero conhecer os detalhes do gerenciamento dos patrimônios históricos e poder olhar com outros olhos o cemitério histórico que é a cidade de Salvador.

O primeiro livro é de indicações de amigos que o tem, mas também é para dar procedência a coleção Educação Clássica da É Realizações, este acompanhará em minha estante os dois Triviuns da mesma editora, o da Ir. Miriam Joseph e de Marchal McLuhan. De primeira vista possui uma materialidade bem atraente, artes na borda das páginas capitulares, margens boas para anotações, 7 capítulos, 198 páginas, no final ha uma classificação como estante de sociologia. O autor é morto, foi uma padre francês do século XIX e XX que se destaca entre os neotomistas como Jacques Maritain a Etienne Gilson prometendo ser uma obra de forte caráter católico, esses livros são uma excelente terapia e desintoxicantes.

O segundo livro é um palpite do site da editora Estação Liberdade. Depois de comprar o "Crítica da Razão Cínica" passei a observar as publicações dessa editora. Li uma sinopse interessante, trata sobre arquitetura e resolvi comprar uma vez que tenho um gosto amador pelo tema. Lendo o índice notei que tratará dos patrimônios em contexto histórico. Chamou-me a atenção o nome de Viollet-le-Duc, restaurador da Igreja de Notre Dame de Paris que, após a Revolução Francesa, estava toda depredada pelos "cidadões". Parece ser um livro daqueles que fazem as viagens pelo mundo serem mais saborosas, espero encontrar algum entusiasmo daqueles que Régine Pernoud produz ao descrever sobre a Idade Média .

Espero boas leitura.

Mateus R. C. de Paula.    

domingo, 11 de agosto de 2013

Ingenuidade e Inocência.

A ingenuidade modernista. 
"Stultitia conligata est in corde pueri 
et virga disciplinæ fugabit eam"
[A tolice é natural na mente da criança
mas dela se afastará pela vara da disciplina.]
(Provérbios XXII; 15)

"Usquequo parvuli diligitis infantiam et stulti."

[Até quando, ó ingênuos, amareis a ingenuidade?]
(Provérbios I; 22)


Certa vez na sede da Montfort em São Paulo tive uma aula com o Bruno Oliveira sobre arte.
Chamou-me a atenção o fato de que os modernistas usam da ingenuidade como parte do processo que leva ao satanismo. O fato apresentado foi de que a ingenuidade desarma a pessoa e causa abertura maior a receptividade de ideias, preponho-me a desdobrar o fato.

Ingênuo e inocente, tratarei desses termos usualmente, esses se confundem quando alguém é definido por agir sem malícia. Inocente será tratado como aquele que não tem culpa, ingênuo como o que não tem sabedoria. Um pouco mais além o ingênuo por vontade será tratado como culpado de um atentado ao verdadeiro testemunho acabando por violar os mandamentos da vida intelectual, o inocente já como um caso de justiça, no caso, quem age sem malícia é justamente inocente.

Uma mentalidade nada sã vê na ingenuidade a ordem e os bons costumes. Ser ingênuo passa a ser sinônimo de bom cidadão ou bom cristão. Toda a explicação mais profunda está na mentalidade liberal de "inocência primeva" do Romantismo Alemão que origina isso, é certo que tal prática torna-se uma elemento explosivo por violar a nossa natureza racional.

A ingenuidade recheada de tolices e crendices soará como um insulto a maturidade da nossa razão, especialmente a dos homens jovens. Essa reação é natural e será dada por protestos que tentarão violentar a mendacidade do ingênuo por várias vias. A melhor é a orientada na escolástica e em sã doutrina que busca a verdade ontológica das coisas, mas as piores são as que nos são preparadas pois os Modernistas conhecem o mecanismo de nossas almas e já nos aguardam com suas soluções ideológicas tais como o marxismo e o freudianismo que se apresentam como verossímeis, recortes da realidade e como "mentalidade madura". O ingênuo de bondade acaba por produzir uma onda de protestos políticos e desejo de revolução, na prática é verdadeiramente mais estulta que a primeira por acreditar ser mesmo solução, a ideologia acaba produzindo um ciclo vicioso onde todo o mal agora é visto com ingenuidade para se tornar inocente. Tais posturas são contrárias a realidade de nossa natureza ferida voltando a cair em uma ingenuidade ainda mais distante de sabedoria.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Livro 09-VIII-2013


Chegou neste dia mais um livro encomendado via Estante Virtual.:

Panofsky, Erwin. "Arquitetura Gótica e Escolástica". Ed. Martins Fontes. 1991.

Pretendo com esta obra conhecer como a filosofia de S. Tomás influenciou a arte de seu tempo e assim ficar inspirado a expressar em meu trabalho tão sublime doutrina.

Livro de 132 página, muito ilustrado com imagens de arquitetura, promete mostrar como as formas e o estilo são influenciadas pelo pensamento escolástico e como deu origem a uma série de concepções de elementos arquitetônicos próprios das catedrais góticas.

Parece uma excelente leitura.

Mateus R. C. de Paula.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Livros 03-VIII-2013



Após compra via Estante Virtual chegaram  neste dia 3 livros para minha coleção:

Webster, Richard. "Freud estava errado. Porquê?" Ed. Campo das Letras. 2002.

Noll, Richard. "O Culto de Jung" Ed. Ática, 1996.

Peres, Fernando "Memória da Sé" Ed. Corrupio, 2012

Espero conhecer e me proteger da corrupção desses dois ídolos, Freud e Jung.

Também espero conhecer o espírito do tempo que demoliu a Sé de São Salvador da Bahia.

Os dois primeiros são indicações do site Montfort, o prof Orlando usou destes autores para argumentar em uma carta que ambos são anticatólicos. Diz ele que a versão em inglês do sobre Freud ser melhor, mas ainda não me arrisco em línguas estrangeiras com interpretações de texto. Ao acaso li livros sobre neurolinguística, hipnose e paranoia e os mesmos falam sem restrições desses dois mestres que se tornaram verdadeiros ídolos de uma mentalidade cínica como explica Sloterdijk em um outro livro (denso) que pretendo comentar no futuro. A editora Vozes, que deveria ser católica, é que gosta do Jung publicando toda sua obra.

O último foi um achado na livraria Cultura de Salvador. A primeira edição é de 1974; nesta de 2012 o livro está muito ilustrado com fotos do início do século XX e do interior do templo e detalhes convidando a contemplação e causando certa nostalgia se comparada a sujeira que é o local hoje. A intenção é conhecer o espírito anterior ao Vaticano II e mostrar que a crise na Igreja é anterior e de raiz liberal.

Mateus R. C. de Paula.