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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Passacaglia de Bach ou BWV 582.

Escute aqui.
O Passacaglia de Bach, no catálogo BWV 582, inspira um estado de alma dramático que parece purgar as dissonâncias do pensamento em enquanto executada, penso que seja uma espécie de catarse.

Desde quando passei do mau para o bom gosto musical fiquei impressionado com J.S.Bach. Tomei afeição por órgão de tubos e sua complexidade de teclados, válvulas e pedaleiras, conforme um documentário da BBC  o de Buxtehude em Lübeck chega a 8220 tubos de 10mm a 30m de comprimento e é um dos mecanismos mais complexos já inventados em seu tempo, também me impressiona a coordenação do organista, cada mão toca uma coisa distinta e também os pés, uma disciplina impressionante! O Passacaglia é uma dessas, inicia com os graves dos pedais e se desenvolve em mais 20 variações em 13 minutos de uma peça dramática. Desejando ir além "da impressão e do impressionante" resolvi estudar um pouco mais a fundo o material que tenho.

Segundo o Houaiss, Passacaglia (em pt: passacalha) vem do espanhol pasacalle, uma 'marcha popular de andamento vivo', mas no contexto a melhor definição é: "peça instrumental que consiste em variações contínuas em compasso ternário lento, derivada do ritornelo e apresentada entre os versos de uma canção [A semelhança com a chacona, na sua construção, levou a confusão entre as duas formas após o período barroco.]"

A ascendência de J.S.Bach conta com mais de 100 músicos, conforme documentário isso o ajudou dominar estilos de toda Europa e como visto a passacalha é espanhola. Pela definição de fato a peça é marcada pelas notas da pedaleira que definem o compasso do início ao fim da composição.    
Capa do CD de Hans Fagius CD3 Vol.II
Conforme o livreto que acompanha o CD3 do Volume II de Hans Fagius:

"BWV 582 que finaliza a seleção desse CD é sem dúvida a mais fina criação de toda a literatura para órgão e foi por um longo tempo acreditado ser a peça mestre já escrita nos tempos de Leipzig. Estudos subsequentes mostram que fora escrita entre os anos de 1707-08 quando o criador ainda tinha 23 anos de idade, muitos manuscritos podem ser datados antes de 1710.

O Passacaglia de Bach destaca-se a todos os antecedentes de longe. Ele expandiu o tema de quatro barras normal  para o comprimento de oito barras. Quando apresentada nos 21 tempos (incluindo a apresentação de abertura por pedal) a fuga baseada nas primeiros quatro-barra do tema com muitos contrassujeitos é anexada com uma grande coda. A maneira qual várias variações podem ser agrupadas juntas em um significado simbólico foi tema para pesquisas. Possivelmente o mais especulativo pela escola alamã é Piet Keem que "prova" que o Passacaglia foi construida de acordo com várias partes da Prece do Senhor como tratado no livro de Andreas Werckmeister 'Paradoxal-Discurse' (publicado em 1706).

Blasiuskirche em Mühlhausen
(Coda: n substantivo feminino 1 Rubrica: música: seção conclusiva de uma composição (sinfonia, sonata etc.) que serve de arremate à peça 2 Diacronismo: antigo. cauda, parte traseira, coice )

Pela Wikipedia, pt: verbete 'Bach', a obra foi composta em 1707 (tinha 22 anos) na Blasiuskirche em Mühlhausen, exemplo precoce do instinto de Bach para a organização em grande escala que consiste em vinte variações (ou 21) sobre um baixo ostinato, obra de arquitetura poderosa que parece esgotar as possibilidades do gênero da variação.

em en: verbete BWV582, Robert Schumann [músico romântico] descreveu as variações do passacaglia como "entrelaçados tão engenhosamente que se pode nunca deixar de se surpreender "
O manuscrito original de BWV 582 é atualmente considerado como perdido, as fontes disponíveis apontam para o período entre 1706 e 1713.

É possível que BWV 582 tenha sido composta em Arnstadt logo após o retorno de Bach de Lübeck  (onde ele pode ter estudado Buxtehude obras ostinato).

O assunto principal da fuga foi provavelmente tirada de um curto trabalho do compositor francês André Raison, Christe: Trio en Passacaille da Messe du deuxieme ton. da Premier livre d'orgue ou mais notavelmente duas Chacona de Buxtehude (BuxWV 159-160) e uma passacaglia (BuxWV 161) , e há clara influência de Chaconas de Pachelbel em diversas variações e da estrutura como um todo.

De minha parte é um grande desejo aprender música só para executar peças de órgão, tal instrumento é muito citado como agradável a Deus e de fato uma liturgia tridentina bem acompanhada de órgão ganha um caráter muito elevado como já tive oportunidade de presenciar nas Missas no São Bento de São Paulo.
Assim finalizo esse pequeno estudo sobre uma peça de Bach.
Santa Cecília, rogai por nós.

Mateus R. C. de Paula.



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