Páginas

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Esquema geral da Pascendi

Interpretação:
A escolha do símbolo oriental yin-yang no centro chama a atenção para o princípio da dinâmica entre dois antípodas modernistas: o filósofo e o crente, o primeiro com a negação do conhecimento ("não sei se Deus existe"), o segundo com a afirmação do sentimento (A Fé é um sentimento), dualidade típica de sistemas gnósticos onde um princípio de afirmação coexiste e se suplementa com o princípio de negação.

As figuras ao redor são colaterais, mas protegem a dinâmica entre as duas figuras centrais.

O triângulo ao redor não tem dinâmica e possui em cada aresta os princípios pétreos onde todos os elementos internos estão imersos: Agnosticismo, Imanentismo e Evolucionismo.

A primeira doutrina é o Agnosticismo que está presente sempre que se nega a transcendência dos fenômenos pela inteligência. Ela se manifesta na negação e/ou adulteração da escolástica tomista, da metafísica de Aristóteles, da negação da analogia entre Ser e Ente, geralmente optando pela vertente kantiana e pela confusão unívoca entre Ser e Existir (Deus é igual a existência) e a mais grave negação da Revelação externa de Deus para o Homens. 

A segunda doutrina é o Imanentismo. Esta doutrina diz que a existência é fonte de si própria, o Homem emana Deus em sua conclusão extrema. Podemos percebê-la no excesso de importância da Experiência que possui peso de Revelação divina manifesta no indivíduo. A Revelção externa base da Teologia é superada por "Deus na minha vida".

A terceira doutrina é o Evolucionismo. Esta vai além daquilo que a biologia manifesta em modo agnóstico, i.e. o Darwinismo. Ela é mais clara quando diz que o sobrenatural é a evolução do natural sendo assim que natural e sobrenatural são a mesma coisa, mas somente em diferentes períodos do Processo Histórico. A evolução do Homem natural em sobrenatural resultaria na divinização do Homem que vira Deus.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Ficção Mágica, por Arhur Versluis

FICÇÃO MÁGICA

Por Arthur Versluis
Prof. de Letras em Michigan Univesity
Tradução: Blog Estudos Expressos

Em um poema intitulado “Sonhos”, Kathleen Raine escreveu sobre como os mistérios eram uma vez sobre a terra, os mistérios da “árvore e ave milagrosa”, os mistérios do poço sagrado. Mas então “da gruta do bosque e do santuário”, as sagradas presenças se retiram, as “primaveras se põem sob o monte”. Seu poema termina com a estrofe:

Inviolável em sonho
Os mistérios ainda são mostrados,
Os mortos ainda estão vivos;
Mas trazê-los de volta nenhum pode
Quem acorda para este dia.

Em nossos dias de tecnologia cada vez mais complexa e cada vez mais informações, pode parecer que nada poderia estar mais longe de nós do que um mundo no qual a magia é possível. No entanto, no reino das ficções, como na poesia, a magia e os antigos mistérios ainda residem. Aqui, eu gostaria de explorar não a arte da magia, mas sim como a magia reside no reino da ficção relativamente recente, assim como ela reside no reino dos sonhos.

É claro que "ficção mágica" pertence a uma categoria maior, a "ficção iniciática" - romances e contos cujo objetivo evidente é levar o leitor a novos tipos de consciência, talvez não familiares. Mas meu objetivo aqui é explorar a ficção que leva o leitor ao funcionamento de rituais e experiências expressamente mágicos, ficção na qual os antigos mistérios ainda estão vivos e não retiraram suas fontes. Este é realmente um tipo de ficção bastante raro, como se poderia imaginar. Mas os principais entre tais autores são, sem dúvida, os Inklings (em particular C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien e Charles Williams), bem como Dion Fortune (Violet Firth). Aqui, enquanto eu vou aproveitar

sábado, 17 de agosto de 2019

Contrastes, estética e doutrinas na Missa Tridentina.


(Extraída de anotações sobre aula do pe. Pasquotto em Salvador em agosto de 2012)

Um diamante puro e bem lapidado é belo, mas em torno dele é possível, como numa joia, adornar com outras matérias preciosas de menor valor como ouro, prata, rubis, safiras e pérolas que conferem não mais apenas o bem do diamante isolado mas um conjunto de excelente qualidade que o realça ainda mais a veracidade.
Por outro lado se o diamante é posto em ostensório plástico adornado de papel celofane evidentemente, além de escândalo, colocaria em dúvida se é mesmo diamante ou é só vidro.

A Missa em si própria é apenas a consagração do pão e do vinho em corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Corpo e Sangue separados é a morte. O Cordeiro está imolado e está feito o precioso Sacrifício, o Calvário se faz presente de forma incruenta.

sábado, 30 de junho de 2018

Sumário do artigo Tolkien e o Catolicismo

Artigo publicado no site Montfort:
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/tolkien_catolicismo/

Fonte: Rorate Cæli
Tradução: Missa Tridentina em Brasília / Montfort.

SUMÁRIO

1ª Conferência

→ Mais preparados a defender a literatura moderna que a Sagrada Escritura ou os dogmas da Igreja.


→ Discernimento dos espíritos após muitas leituras. Analisando a obra e não o autor.


→ Hoje pessoas boas podem ser enganadas muito facilmente, casos: Dr. Wolfgang Smith, Louis de Wohl, Karol Wojtyla, capela de uma casa religiosa no Midwest.

→ Comecemos nossa exposição... Se encontramos algum autor contradizendo doutrinas da Igreja, sabemos que temos um problema.

→ Tolkien revolucionário: o mito como melhor meio para transmitir certas verdades mais elevadas: “Eu cordialmente desgosto da alegoria em todas as suas manifestações”

→ Se tão eficaz, onde estão as conversões? Frutos da obra: Exemplos psicodélicos na década de 1960 e 70.

→ A Bíblia não contém mitos! Os modernistas que a tratam assim.

→ Comparando outras obras quanto ao mito. Santa Teresa desaprovou totalmente todo romance e preveniu as religiosas de ler trabalhos de baixo nível nos carmelos.

→ A chamada visão elevada sustentada por Tolkien e promovida por Joseph Pearce, não ajudou a Igreja nesses tempos difíceis.

→ Analisando o mito da criação de Tolkien. Produtos de uma “imaginação extravagante”: alguns elementos gnósticos. Não devemos insistir que fantasia ou mito é desculpa para a heresia.

→ A morte como um presente de Ilúvatar

→ Não existe inferno ou pena eterna pelo pecado, somente o Vazio.

→ Coisas mágicas e ocultistas vistas como milagres.

→ Nada de sobrenatural, na obra poderes secretos estão na própria natureza.

→ No mundo real toda magia se apoia nos poderes demoníacos.

→ Erros similares em comparação com C.S. Lewis,

→ Um mundo em oposição ao que Deus criou. Toda literatura fantástica é um beco sem saída e deve ser evitada.


2ª Conferência

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Chacona do Paraíso e do Inferno (Ciaccona del Paradiso e dell'Inferno)



Cançonetas espirituais e morais.
Anônimo, Milão,  1677
Tradução livre


O che bel stare è stare in Paradiso
Dove si vive sempre in fest’e riso
Vedendosi di Dio svelato il viso
O che bel stare è star in Paradiso.

Ohimè che orribil star qui nell’inferno
Ove si vive in pianto e foco eterno
Senza veder mai Dio in sempiterno
Ahi, ahi, che orribil star giù nell’inferno.

Là non vi regna giel, vento, calore,
Che il tempo è temperato a tutte l’hore
Pioggia non v’è, tempesta, nè baleno,

Che il Ciel là sempre si vede sereno.

Il fuoco e ‘l ghiaccio là, o che stupore

Le brine, le tempeste, e il sommo ardore
Stanno in un loco tutte l’intemperie
Si radunan laggiù, o che miserie.

Havrai insomma là quanto vorrai

E quanto non vorrai non haverai
E questo è quanto, o Musa, posso dire
Però fa pausa il canto e fin l’ardire.

Quel ch’aborrisce qua, là tutto havrai
Quel te diletta e piace mai havrai
E pieno d’ogni male tu sarai
Disperato d’uscirne mai, mai, mai!

O che bel stare è star in Paradiso

Dove si vive sempr’in fest’e riso
Vedendosi di Dio svelato il viso
O che bel stare è star in Paradiso.

Oh como é bom estar no Paraíso
Donde se vive sempre em festa e riso
Deus revelado em face agora viso
Oh como é bom estar no Paraíso.

Ai de mim, que horrível estar no inferno
Donde se vive em pranto e fogo eterno
Sem nunca mais ver Deus sempiterno
Ai, que horrível estar sob o inferno.

No Céu não reina ventos nem calores,
Bem temperado os climas arredores
Não vês chuvas, tormenta ou mal terreno,
No Céu sempre se vê tudo sereno.

O fogo é gelo ali, que estupor
Uma salmoura, tormenta e calor
Estão em local de intempéries
Lá se reúnem todas suas misérias.

No Céu terás tudo o que te é querido
O que não queres é por dispensado
E isso, oh Musa, é tudo o que conto
Quebram-se minha audácia e meu canto.

Aquilo que abominas, tu terás
O que te é dileto perderás
Pleno de todos os males estarás
Desesperado e fuga nunca mais!

Oh como é bom estar no Paraíso,
Donde se vive sempre em festa e riso,
Deus revelado em face agora viso.
Oh como é bom estar no Paraíso.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Amor, Tristeza e Morte. O Ser equívoco ilustrado no filme Insolação

“O mundo vai parecer menor do que nunca, o amor imenso”

“A vida passa tão rápido.
Eu vejo crianças tentando, se debatendo,
procurando por toda parte, 
olhando uns para os outros e perguntando:
é você? É você?”

"De onde você veio?
Três horas atrás eu nem sabia que você existia,
digo-lhe com toda sinceridade
que não sou a pessoa que talvez imagine que eu sou.
Nunca me aconteceu nada nem mesmo remotamente parecido com isso.
Como tudo o que é mundano e comum,
se torna terrível e selvagem
quando o coração é destruído por felicidade e amor em excesso.”

“Você gosta dela, não gosta?
Eu gosto de todo mundo.
No inicio”.

"O amor não é feito para sermos felizes
mas para nos sentirmos vivos"
(Trechos do trailer do filme 'Insolação')

Há um longa-metragem brasileiro analisado no site do cinegnose chamado Insolação qual chama a atenção pela sua linguagem cifrada. Pelo mesmo ter certa imoralidade, não recomendo. Sua mensagem é difícil de entender pois há um véu de diálogos e cenas estranhas que desejo decifrar considerando o ponto de vista da ontologia humana. Não estudei o diretor, nem o roteirista, nem nada do tipo que compõe a literatura, porém darei foco no tema do amor e da tristeza que a obra conta.

O filme retrata uma Brasília desértica com monumentos gigantes de concretos e pessoas perambulando em um dia sem fim, a história faz questão de conter apenas os atores em ambientes realmente abandonados da cidade. O sol esconde a frieza da cidade nos diz o protagonista e a paixão do amor é fisiologicamente confundida com uma febril insolação.

O amor é tratado junto com a frustração, todos os relacionamentos são problemáticos e cada personagem parece buscar uma estabilidade inalcançável no outro fazendo com que o 'você' seja uma palavra-chave para se entender a trama.

O protagonista nos pede para confiar no mistério do amor e da tristeza e que nos mostra estarmos morrendo, eis portanto uma tríade: Amor, Tristeza e Morte... Nos critério dos apetites sensíveis e visto como doença da alma, o que nos parece mais razoável?

quarta-feira, 22 de março de 2017

Anotações da Pascendi Dominicis Gregis

Encíclica em português no site do Vaticano, aqui.

Capitulação:

Introdução

I Parte - Exposição do Sistema e suas divisões
- Filósofo
- Crente
- Teólogo.
- Historiador e Crítico
- Apologista
- Reformador
- Crítica geral do sistema.

II Parte - As causas do Modernismo

III Parte - Remédios.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Substância no Dicionário de Abbagnano

SUBSTÂNCIA 
(gr. ουσία (ousia); lat. Substantia-, in. Substance, fr. Substance, ai. Substanz; it. Sostanzá). 

Esse termo teve dois significados fundamentais: 
- 1º de estrutura necessária; 
- 2º de conexão constante. 
O primeiro pertence à metafísica tradicional; o segundo, ao empirismo

1º No primeiro significado, é S.: 
a) o que é necessariamente aquilo que é; 
b) o que existe necessariamente. 
Ambas estas determinações foram expostas na metafísica aristotélica, que gira inteiramente em torno do conceito de S. 

A primeira determinação é designada por Aristóteles com a expressão το τι ην ειναι (to ti in einai) ( (quod quid erat esse), que pode ser traduzida como essência necessária; com efeito, ao pé da letra, essa expressão significa aquilo que o ser era, onde o imperfeito "era" indica a continuidade ou estabilidade do ser, seu ser desde sempre e para sempre. 

A essência necessária é expressa pela definição (v.) e é objeto do conhecimento científico (v. CIÊNCIA). 

A segunda determinação relaciona-se com a primeira: é S. o que existe necessariamente. Aristóteles diz: 

"Temos ciência das coisas particulares só quando conhecemos a essência necessária das mesmas, e com todas as coisas ocorre o mesmo que ocorre com o bem: se o que é bem por essência não é bem, então nem o que existe por essência existe, e o que é uno por essência não é uno; e assim com todas as outras coisas" {Met., VII, 6, 1031 b 6). 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Estética Kitsch

O caráter histriônico de Nero na busca do efeito belo.
Vale qualquer meio, até por fogo em Roma.
Estranhando o mau gosto sobre coisas que de alguma forma possuem beleza pesquisei pelo conceito de Kitsch; uma forma estrangeira de falar 'Brega', e encontrei algo um tanto mais carregado de significado (além de muitas risadas). 

Em suma, a afloração do Kitsch é um sinal de civilização decadente com forte desagregamento de valores onde é lícito qualquer meio a fim de se produzir um "efeito belo", tal como Nero - numa Roma decadente - ateando fogo na cidade, encenando, tocando lira e cantando1.

Pode parecer um exagero, mas de modo análogo, esse mau gosto "ateia fogo" na Verdade e na Moral a troco de uma experiência estética fácil, piegas, de efeito sentimental programado, típica de 'novos ricos' e de acordo com o 'perfil do consumidor', quem o consome pensa estar em alta cultura e posa de erudito, mas de fato está consumindo uma mentira, banalizando princípios de arte que deveriam passar pelo crivo da inteligência, juiz do belo, e da moral, juiz do bem, promovendo meros e viciosos fins comerciais no raso, mas idolátricos de fato.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Como Matei Rasputine em pdf

Há um livro não reeditado aqui no Brasil desde 1931 do príncipe Yussopov sobre uma das figuras mais sombrias da Rússia, Rasputin, o bruxo que fez o elo entre a queda dos Romanov e a ascenção dos sinistros Bolcheviques, o aliado místico mesmerista dos grosseiros e sanguinários materialistas. Toda a figura do imoral e desmoralizador da família real exposta desde sua exploração da ingenuidade cega de Alexandra até sua estranha morte no rio Neva pelo próprio autor, leitura obrigatória para bem entender o drama da Rússia.

Yussupoff - Como matei Rasputine

Boa leitura.

Mateus R. C. de Paula.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Newton, o último feiticeiro, sumário em pdf


Há um tempo tive uma aula sobre ciência moderna e suas raízes mágicas, um movimento antropoteísta, e na mesma citava-se uma obra de Michael White chamada "Newton, o último feiticeiro" que mostra as pretensões ocultistas e anticatólicas do pai da ciência moderna.


Por parecer uma obra bastante esclarecedora da mentalidade cientificista pareceu-me importante adquirir uma cópia e devido a raridade acabei por escanear a obra. Em anexo segue uma cópia do sumário e dos índices para contemplação. Mais detalhes por favor envie um e-mail.

Mateus R. C. de Paula.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Minotauro

"Qui autem sunt Christi carnem crucifixerunt 
cum vitiis et concupiscentiis"
"Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, 
com as paixões e concupiscências." 
(Epístola aos Gálatas, V,24)


Homem com cabeça de touro, monstro que se alimenta da carne humana.
Os gregos em sua sabedoria foram sagazes na criação do símbolo do Minotauro. Um homem sem inteligência dominado pela ideia de reprodução e pelo instinto sexual, preso no labirinto da vida manifestando a estupidez e a brutalidade.

Nas lendas ha Teseu como herói vencedor da besta, "homem forte por excelência", aquele que matou o Minotauro, uma assombração do homem verdadeiro, racional.

Desconsiderando a questão de Ariadne que se funda no absurdo da existência do mal, salva-se o heroísmo de Teseu, é necessário ao homem de valor matar o Minotauro. Vê-se ainda hoje uma figura muito similar, especialmente para os hispânicos, que é o toureiro. Nas arenas em três tempos se destaca a inteligência, a elegância habilidosa e a bravura dominando a fera passional, figura do selvagem. Os românticos comiseram o touro, mas é bem sintomático que assim façam; seus valores são sobre as paixões ao invés das virtudes intelectuais, então se identificam com a besta.