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terça-feira, 9 de julho de 2013

As freiras que queriam ser mais modernas.


(Em desenvolvimento)

"O convento, ansioso por parecer
moderno, aceitou o experimento..."

"Em um ano, 300 freiras, 
mais da metade do convento, 
pediu ao Vaticano que fossem
liberadas de seus votos e seis meses depois, 
o convento fechou as portas.
Tudo que restou foi um pequeno grupo de freiras, 
mas elas se tornaram freiras lésbicas radicais.
O restante desistiu da vida religiosa."

Na terceira parte do documentário da BBC The Century of Self : "There is a Policeman Inside all our Heads He Must Be Destroyed'  aos 23':12" extraio a epígrafe desse post. É isso mesmo que aconteceu no Convento do Coração Imaculado em Los Angeles, um dos maiores das Américas,  em 1966. Uma onda de psicologia de antecedência freudiana amiguíssima do mundo acabou com um convento promissor, corrompeu moças vocacionadas e ainda deixou algumas homossexuais. Esse foi só início do que viria, um concílio acabara de sacramentar a modernidade, aquela advertência de S. Pio X das vias modernistas no uso de psicologia, nesse exemplo, alcançou um dos seus mais chocantes extremos.

Esse post visa compilar um pequeno ensaio de psiquiatria e religião, especialmente a de Freud, um dos "Messias" que prometeu emancipar o homem das neuroses via luxúria, mas que acabou produzindo um mundo cada vez mais vazio onde os indivíduos tentam agora se emancipar via cinismo, fruto do auto-engano sobre o fracasso consequente de suas aventuras fora da lei de Deus.

Tomei ciência deste documentário pelo blog do prof. Wilson Ferreira, o cinegnose: http://www.cinegnose.blogspot.com/2011/03/documentario-o-seculo-do-ego.html. O mesmo é fácil de encontrar via torrent, alguma alma de boa vontade gravou as 4horas de documentário em VHS e traduziu para versão digital; usando o BSPlayer foi fácil de encontrar as legendas que também alguém de boa vontade fez. O material é impressionante, merece ser analisado com calma.

A Psicologia não é condenada pela Igreja. O problema é que o tema depende de interpretações, no qual hoje é herética e cabalística, o homem não é visto como um ser de natureza ferida que tende ao erro, ao pecado, ao vício e à aniquilação e que portanto está em guerra contra suas paixões, mas sim como um ser no qual o pecado é parte de sua natureza e que sua finalidade última é a morte. Georg Steiner em seu "Nostalgia do Absoluto" mostra que em Freud há uma metapsicologia entre Eros e Thanatos ou vida e morte na qual Thanatos sempre vence, ou seja, em última instância a redenção freudiana levará a completa aniquilação até o estado de matéria inerte.

S. Pio X, na Pascendi, escancara o sistema modernista em 1907. Forçosamente ele é esquecido e todo seu alerta se torna quase uma profecia da queda intelectual do homem ao estado de idiota emotivo. Como explica, o princípio de todo o pensamento moderno é a doutrina do Agnosticismo que é dividido em negativo e positivo. O negativo dará as premissas básicas de negação do ser ou da metafísica, o positivo explicará os fenômenos partindo do interior do homem, ou seja, uma filosofia autista, num todo, pelo agnosticismo não haveria uma transcendência natural que culminaria na teodiceia, tudo seria explicado pela aplicação do sentimento que, pelos mais racionais, atuaria via psicologia e, pelos místicos, atuaria uma conotação de revelação teológica, em suma isso seria a doutrina imanentista.

Toda doutrina gnóstica afirma que há um fragmento de Deus nos homens. Se a gnose clássica for exposta em sua forma nua ninguém levaria a sério, então o maior trabalho dos homens dessa corrente é produzir roupagens ou sistemas que façam parecer algo palatável, a psicanálise de Freud não foge disso ao afirmar um 'eu oculto' sob o nome de Id, esse é exatamente o homem em seu estado sem crítica e de ação emocional.

Na primeira parte do documentário vemos um Freud preocupado com a humanidade que está tensa e que poderá despertar o poder oculto do Id, essa é a interpretação da I Guerra Mundial, estamos falando das décadas de 1910 e 1920. Freud é apresentado como quem gostaria de dominar essa força oculta e caótica promovendo uma sociedade idealizada, porém o discipulado não foi todo desta postura, uma corrente irracionalista nasceu disto dizendo que o problema é exatamente esse domínio e a solução seria a libertação desse eu oculto, aqui já falamos das correntes pós II Guerra, especialmente dos anos 1960 e 1970 pelas últimas partes do documentário.

Pela tese dos místicos promotores dos movimentos hippies 'é proibido proibir', também lema da revolta da Sourborne, qualquer forma de regra é contrária a liberdade do eu em termos gerais, mas uma mente sã diria ser isso auto-contraditório pois em si é uma proposição lógica ou em si isso é uma regra, porém não importa ao movimento, a lógica não pode ser analisada, para eles vale apenas a paixão que causa, lógica é prisão para eles ainda que usem da mesma para compor seus princípios, uma loucura. Ora quer alguma instituição que mais prega o desprezo de si próprio para seguir regras que a Igreja? Uma regra de um convento exige uma disciplina militar, uma regra de São Bento a exemplo é dura de ser seguida.

Do ponto de vista ortodoxo, o eu solto no mundo não sabe o que fazer para ascender na vida, de fato entregue a mim mesmo é a mais cruel escravidão à ignorância. Devemos implorar por entrar em um mosteiro e ter todas essas regras para conhecermos o real ser humano em todas suas potências atuantes, precisamos de disciplina para a verdadeira liberdade. Do lado moderno isso é negado, ouvi uma vez, não lembro da fonte de fulanos achando estar fazendo bem em dar roupas e tênis aos franciscanos que viviam uma 'injustiça' do voto de pobreza, ora um absurdo, a pobreza deles é uma via de se libertar do materialismo. Absurdo o que ocorreu também nesse convento de Los Angeles.

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