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segunda-feira, 10 de março de 2014

O luthier de Savall


(Em estudos)

Ha um tempo guardo na memória uma demonstração de excelência musical exposta no documentário espanhol "Jordi Savall y la Dinastia Borgia" (2010) onde não só o tema da peça é exposto como também alguns aspectos da vida do músico catalão Jordi Savall, artista referência na restauração da boa música. Entre várias coisas a que me marcou foi a parte de seu luthier David Bagué, igualmente catalão, igualmente artista, que é um especialista na construção e restauração de violas desde 1500, muito pitoresco e com exemplar amor ao ofício.

Documentário: http://www.youtube.com/watch?v=SLZNXVwfXZY
Aos 26min, segue a descrição da cena:

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Savall:
A música leva sempre a marca de seu tempo.
Se quisermos aproximar de uma época determinada, ter os instrumentos desta época é fundamental pois os instrumentos nos aportam cores, uma articulação, muitos aspectos que são determinantes para conhecer o caráter da música e poder interpreta-las corretamente. 


Músico (fala aproximada):
A logística de instrumentos é um ponto bastante importante. 

Savall:
Eu estava na América do Sul, EUA, Coreia, Austrália, Nova Zelândia levando um instrumento de 1627 e ele não ia muito bem.
Músico:
Numa destas noites Jordi estava preocupado.
Savall
Foi depois de um concerto que estive em Florença.
Músico:
Havia começado a trabalhar com ela e viu que não sonava.
Savall:
Sem voz. As coisas não vibravam.
Músico:
Tomei o primeiro avião de volta para Barcelona para levar o instrumento a David Bagué.

Bagué:
O intrumento não tinha nada aparentemente, fisicamente.
Savall:
David me disse: Jordi, este instrumento está em perfeito estado, mas acontece que está cansado.
Bagué:
Disse tudo que podia naquele momento e o instrumento necessitava absolutamente de um repouso.
(Cena de arco veloz sobre as cordas)
Pus em um banco o instrumento e o deixei o tempo que pude... passaram-se dez dias e o instrumento havia nascido outra vez

Bagué:
(Em sua oficina)
Eu sou construtor de violinos, viola, violoncelos de concepção moderna.
Moderna embora os de 1500 não se tinha a manufatura como hoje temos não?

Savall:
David Bagué é um luthier extraordinário.
É dessas pessoas que tem seus ofícios raríssimos hoje em dia pois unem uma grande experiência.
Ele é um criador, um artista, um técnico, uma pessoa que trabalha também com a sensibilidade, com a emoção.

Bagué:
O feito artístico é a inquietude que se põe diante do que está fazendo.
Como bem diz a palavra instrumento, é um meio e não uma finalidade.
O que ouvimos realmente é a voz do interprete.

Diálogo Savall e Bagué:
B: Olá Jordi, como vai?
S: Bem. Como está a viola?
B: Bem!

B: Exaustivamente estou no controle da coleção de instrumentos do maestro Savall.
Este trabalho de prevenção nos evita encontrarmos com surpresa que podem ser mais complicadas não?

(Olhando uma viola em restauro)
B: O resultado é muito diferente. Não se podia, não era aproveitável.
S: Tem a mesma altura?
B: Terá a mesma altura, e a mesma distância de ponte para que seja o mais similar possível e pode utilizar.

(Olhando uma viola da gamba na caixa):
S: Pois eu te trouxe a Barak Norman.
B: Vejamos
S: Quando eu faço um acorde em terceira ha um harmônico que não é correto.
(Savall faz uma demonstração)
B: Desde quando faz?
S: Ultimamente ela não fazia
(Desmontando as cordas e o cavalete, lixando o cavalete, batucando de leve na caixa sonora, voltando a montar)
(Pincela, mede a corda com uma escala de metal)
B: Prove!
(Savall tocando)
S: Exato!
B: É muito sutil, não?
S: Perfeito! Reaciona...
B: Soa como um poço, como quando atiras uma pedra.

Savall
(...) soluciona um problema no instrumento, como solucioná-lo sempre sabendo quais são os elementos importante como o tipo de madeira, o verniz, as cordas, essas coisas que fazem com que o instrumento tenha vida.

Fim do trecho

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A primeira novidade é o nome de Barak Norman, um construtor inglês, no Wikipedia traduzido temos bem pouco:

"Barak Norman (c.1670-c.1740) foi uma seqüência de Inglês fabricante de instrumentos. [1] Ele foi o mais importante fabricante de início de Inglês, conhecido por suas violas e alaúdes. Ele também fez violinos, e foi um dos primeiros fabricantes de Inglês violoncelo. Seu trabalho é caracterizado pela modelagem bonita, boa madeira e verniz castanho muito escuro, o tom é forte e rico. Os primeiros espécimes são altamente arqueado, mas os posteriores têm arqueamento médio e elaborar duplo filete. O primeiro rótulo gravado (em um viol) é datada de 1690." (http://en.wikipedia.org/wiki/Barak_Norman)

A afirmação do Savall também é interessante: o tipo de madeira, corda, verniz essas coisas que fazem com que o instrumento tenha vida.

Após uma pequena observância parece que a Catalunha tem um polo de finas artes, recentemente fiquei sabendo do melhor cozinheiro do mundo é também de lá, Adrian Ferran que foi entrevistado pelo Roda Viva, logo somo ao Savall e e agora a esse pitoresco luthier David Bagué que parece viver em um ambiente muitíssimo humano que lembra os cenários de luz e sombra das pinturas barrocas, alias ele é um dos poucos especislistas em instrumentos dessa época.

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