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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Estrutura do Didascálicon

"Procurem primeiro a Sapiência!"

Didascálicon é relativo a didático, "coisas concernentes· à escola", e é o nome de uma obra medieval escolástica do ano 1127 escrita pelo teólogo de Blankenburg (Harz) Hugo de São Vítor (1096-1141), contemporâneo de Pedro Abelardo de Notre Dame (1079-1142) o qual contrastava no século XII, viveu antes de São Tomás de Aquino (1225-1274), pertenceu a ordem agostiniana e lecionou na abadia de São Vitor de Paris. Sua obra é um tratado sobre os estudos que integra com sabedoria Deus, o mundo e nós mesmos, a Sapiência tem o significado de Mente de Deus, sua linguagem é muito agradável e soa poesia. É o resumo dos saberes seculares e divinos da época e exortação acerca do que ler, como ler, em qual ordem ler.

Observando a edição da editora Vozes latim-português de 2001, "Disdascálicon da Arte de Ler" observo a seguinte estrutura:
1 - Uma introdução de Francisco Benjamin de Souza Neto, Professor Livre-Docente do Depto. de Filosofia - UNICAMP.
2 - A Obra de Hugo de São Vitor em latim-protuguês: Prefácio + seis livros + apêndice.
3 - Bibliografia sobre Hugo de São Vitor.

O Didascálicon é composto de seis livros, três dedicados ao conhecimento das coisas do homem pela leitura dos escritos literários e três dedicados ao conhecimento das coisas de Deus pela leitura da Sagrada Escritura. Sinaliza a centralidade da união corpo-espírito, prática-teoria, temporal-eterno, manual-intelectual no pensamento de Hugo.
Esquema dos conhecimentos.

O Livro I resume as bases ontológico-gnoseológicas da filosofia de Hugo.
O Livro II apresenta as artes.
O Livro III dá aos jovens conselhos sobre como ler e o que ler.
O Livro IV abre a série dedicada à leitura dos livros sagrados.
No Livro V Hugo dá as regras exegéticas de interpretação na leitura dos livros sagrados.
O Livro VI dedica-se mais amplamente ao estudo dos três métodos de interpretação da Escritura e oferece outros conselhos de leitura.
O Apêndice dá um resumo aforístico sobre as três maneiras de existirem das coisas na mente divina, na natureza, na mente do homem.



Livro I
Da origem das artes, a filosofia é a procura da Sapiência. Da tríplice potência da alma e como somente o homem é dotado de razão. Quais coisas pertencem a filosofia. Da origem da teórica, da prática, da mecânica. Dos três tipos de coisas. Do mundo supralunar e sublunar. Em que o homem é semelhante a Deus. Das três obras da origem da lógica.

Livro II
Da diferença das artes. A teologia. A matemática. O numero quatro da alma. O quaternário do corpo. 
O quadrívio; 
A Aritmética. 
A música. 
A geometria; 
A astronomia; Definição de quadrívio; 
A física; A especificidade de cada arte; comparação das coisas ditas acima; continuação; 
Divisão da mecânica em sete ciências; 
Primeira: a ciência da lã; 
Segunda: a ciência das armas; 
Terceira: a navegação; 
Quarta: a agricultura; 
Quinta: a caça; 
Sexta: a medicina; 
Sétima: a ciência do teatro; 
A lógica como quarta parte da filosofia; A gramática; A teoria da argumentação.

Livro III
Ordem e método na leitura e no estudo; Os autores das artes; Quais artes devem ser lidas princialmente; Os dois tipos de escritos; A cada arte deve ser atribuída a sua função; o que é necessário ao estudo; o engenho natural; A ordem na leitura; Do modo de ler; A meditação; A memória; A disciplina moral; A humildade; A dedicação à pesquisa; Os quatro preceitos restantes; A quitação; A análise minuciosa; A sobriedade; O exílio

Livro IV
O estudos das Escrituras Sagradas; Ordem e número dos livros; Os autores dos livros divinos; O que é a biblioteca; Os tradutores; Os autores do Novo Testamento; O resto é apócrifo. O que significa "Apócrifo"?; Significado dos nomes do livros sagrados; O Novo testamento; Os cânones dos evangelhos; Os cânones dos concílios; São quatro dos sínodos principais; Os fundadores das bibliotecas; Quais Escrituras são autênticas; Quais escritos são apócrifos; Algumas etimologias úteis ao leitor.

Livro V
Algumas particularidades das Escrituras e o modo de lê-la.; O tríplice entendimento; Também as coisas tem significado na Sagrada Escritura; As setes regras; O que impede o estudo; O fruto da leitura divina; Como a Escritura deve ser lida para corrigir os costumes; A leitura é dos principiantes, a obra dos perfeitos; Os quatro degraus; Três tipos de leitores.

Livro VI
Como a escritura deve ser lida por aqueles que nela procuram  saber; A ordem que está nas disciplinas; A história; A alegoria; A tropologia, ou seja, a moralidade; A ordem dos livros; A ordem da narração; A ordem da exposição do texto; A letra; O significado; O pensamento. O modo de ler; A meditação não é tratada aqui.

Apêndices:
A divisão dos conteúdos da filosofia; A magia e suas partes; As três sustâncias das coisas

É de se notar o gosto de enumerar o que será dito. Sinceramente fico muito simpatizado por esse estilo.

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