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sábado, 5 de abril de 2014

7 Dons e 12 Frutos do Espírito Santo

(Em construção)

"O temor de Deus é o princípio da Sabedoria"
initium sapientiæ timor Domini 
(Eclesiástico I,16)

Estamos falando aqui dos dons, dos presentes dados, pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade a nós. Aquela Pessoa que procede do Pai e do Filho, o Espírito da Caridade e da Verdade. Só para ilustrar, se nós amássemos a nós mesmos e víssemos nós mesmo como deus, teríamos o espírito da falsidade e da mentira, é falso que somos deus, teríamos o espírito de Narciso, aquele que amou seu próprio reflexo no mundo, e teríamos os frutos da degeneração. Desde modo podemos entender que o amar a si próprio e ver-se como Deus compete somente a Deus mesmo se auto contemplando. É nos revelado que isso se dá no Pai que ama o Filho e d'Eles surge uma Terceira Pessoa: O Espírito Santo, que é capaz de habitar na natureza de Jesus Cristo, também a nossa, a natureza humana.

Os dons do Espirito Santo são 7 e apresentados por D. Gueranger nesta ordem, do menor ao maior:
I-Temor; II-Piedade; III-Ciência, IV-Fortaleza, V-Conselho, VI-Inteligência  e VII-Sabedoria.
Os mesmos dons são tirados do livro de Isaías XI,1-3.

Os cinco primeiros são dons de ação, os dois últimos são de contemplação e seguem se os cinco forem atendidos.
Por ação se entende práticos neste mundo e por contemplação o antegozo do paraíso.

Os dons "são disposições permanentes que tornam o homem dócil a seguir a inspirações divinas." (Compendio, p.117, catecismo n.1832)
Os 7 Dons na representação ao lado são as raízes internas dos 12 frutos externos citado por São Paulo ao s Gálatas. O tronco é a <vida no espírito>. Essa relação pode ser confirmada na leitura da enciclopédia católica citada abaixo.

No livro de Royo Marin, O Grande Desconhecido, tem-se que a infusão dos dons do Espírito Santo tem como causa principal Deus mesmo e o homem como causa instrumental. Aqui temos evidente que o que opera de modo sobrenatural é exclusivo de causa sobrenatural, barrando toda e qualquer confusão entre natural e sobrenatural. Cabe a nós a docilidade de nos moldarmos como bons instrumentos, porém não como causa dos atos de Temor, ou Piedade etc.

Na definição posto pelo mesmo teólogo temos que "Os dons do Espírito Santo são hábitos sobrenaturais infundidos por Deus nas potências da alma para receber e auxiliar com facilidade as moções do prórpio Espírito ao modo divino e sobre-humano"

Os 12 frutos são citados em Gálatas V,22 e ensinados pela Igreja como:  I-Caridade, II-Alegria, III-Paz; IV-Paciência; V-Longanimidade (Paciência, 'qualidade de ser sofredor'); VI-Bondade (fazer o bem); VII-Benignidade (índole é boa; de bom caráter); VIII-mansidão (serenidade, (ref.x com Maritain e sobre a não confusão com os budistas)); IX-Fidelidade; X-Modéstia; XI-Continência (império sobre si); XII-Castidade.
"Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações, nada de invejas entre nós."
fructus autem Spiritus est caritas gaudium pax longanimitas bonitas benignitas. fides modestia continentia adversus hujusmodi non est lex. qui autem sunt Christi carnem crucifixerunt cum vitiis et concupiscentiis. si vivimus spiritu spiritu et ambulemus non efficiamur inanis gloriæ cupidi invicem provocantes invicem invidentes

I - O Temor.
- Destina-se a curar a chaga do orgulho. Desligar do mal. Nos por no lugar. Nos trancar no bem. Combater a indolência (indiferença).
- O orgulho é princípio de todo mal pois nos faz resistir a Deus.
   - Orgulho: satisfação com o próprio valor, com a própria honra; desprezo com relação aos outros; vaidade, insolência.
   - Lembrar da primeira petição do Pai-Nosso: "Santificado seja o Vosso nome". 
   - O orgulho está muito presente no princípio da independência próprio das revoluções.
- O temor é princípio de humildade e combate ao orgulho,
- O temor é princípio de ordem: põe a criatura no lugar.

- Na humildade devemos lembrar de Ser Humano, no paganismo de Sócrates percebemos "Homem conhece-te a ti mesmo", na revelação temos além disso a noção hierárquica dos seres.

- Não é horror as penas eternas (atrição, imperfeito), mas zelo por amor de Deus (contrição, perfeito).
O temor é como uma trave, nos preserva tensos, em vigia, nos combate a indolência.

II - A Piedade
- A piedade tem relação com a sensibilidade. Abre o coração (vontade) as afeição divinas.
- Combate o egoísmo. Promove um horror natural a novidade (heresia) e a independência.
- O coração deve arder, terno e devotado.
- Verdadeiro sentido ao amor de Deus.
- Sentir-se como filho.
- Sentir-se mal pelos pecados e comover-se pela misericórdia e sofrimentos da paixão de Nosso Senhor.
- Desejar a toda hora glória de Deus. (Motor para os estudos)
- Alegrar ao ver o progresso espiritual no outro. Tem devoção aos santos que são os que tiveram esse progresso.
- Livrar-se da frieza, da impiedade, da inveja e do ódio.


III - A Ciência
- Se a fé é o Sol, a ciência é a luz do Sol. (A inteligência seria o olho que recebe a luz). Esclarece a alma quanto o fim.
- O que devemos fazer e o que devemos evitar para estar de acordo com as intenções de Jesus Cristo
- A verdade aparece e as trevas da ignorância se desfazem. Combate chaga do Pecado Original.
- Conhecimento dos objetos do temor e como evitá-los. O fim que Deus pois na criação.
- Firmeza na conduta, o que devemos fazer das criaturas.
- A fé nos é infundida no batismo, a Ciência na Confirmação. A fé resplandece pela esplendor da ciência.
- As luzes de Lúcifer são mostradas falsas (superstições, magia, paganismo etc)
- O mundo não tem essa ciência.
   - A ciência do mundo é na verdade constante confusão e erosão por dúvidas (agnosticismo, cartesianismo e antigo sofismo).
   - O que se chama ciência no mundo é apenas técnica e produção de coisas como eletrônicos. (Ref. com J. Baudrilard que mostrava a ironia desses bens, ele era maniqueísta)
- "Ereis trevas, agora andas como filhos da luz". Essa Ciência basta.
- Ela pode ser fonte da inveja do demônio que não vê a luz.
- Discerne verdadeiro do falso, justo do injusto.

IV - A Fortaleza
- A armadura divina, necessária para obras de santificação. Age na vontade (o Conselho na inteligencia)
- Discernir da fortaleza natural (v. cardeal), essa é sobrenatural: combate o demônio, o mundo e nós mesmos. Satã é um anjo, um ser superior, precismos de dom não humano.
- Tomar energia. Força e facilidade para conquistas.
- Vitória sobre as provações da vida.
- Combate a fraqueza, o abatimento e o temperamento desregrado. A pusilanimidade ou a audácia.
- A graça substituirá nele a fraqueza da natureza ao mesmo tempo em que corrigirá a impetuosidade.
- Saber resistir, saber suportar. (Exemplo do Alcazar, 70dias de cerco em nome de Deus)
-  Força ascética, renunciar-se com prêmio na salvação. Força contra o demônio, mas também contras as paixões. “Se eu fosse agradável aos homens, não seria servidor de Cristo”
- Segurança que desconcerta o mundo tais como os mártires.
- A serenidade nunca é vencida pela provação, onde a cruz sempre é reinante é sempre aceita.
- Resignação e resistência. Contra o respeito humano (diálogo das paixões) e a fortuna da vida (sorte).
- Elevação da conduta como impassível. Impopularidade entre os pagãos.
- A modernidade é enfraquecida (pelo romantismo principalmente) e a fortaleza se destaca.

V- O Conselho:
- Dom prático. Governo da vida e resoluções a serem tomadas. Atua na inteligência.
- Afasta o perigo.
- A Força tende a ser cega, mas o Conselho a dirigi.
- Diferente da Ciência pois ela dirige e a outra ilumina o fim. 
- O que devemos fazer e o que devemos evitar, o que devemos dizer e o que devemos calar, o que podemos conservar e ao que devemos renunciar
- É a voz divina agindo na inteligência.
- Evita armadilhas, desfaz ilusões.
- Mostra a realidade e nos evita a precipitação do juízo.
- Mantém a alma atenta àquilo que é verdadeiro, ao que é bom, ao que é verdadeiramente vantajoso
- A discrição, da qual Ele tem o segredo e pela qual as virtudes se conservam, se harmonizam e não degeneram em defeitos.
- Como a Ciência, o mundo não tem o Conselho. 
   - As resoluções do mundo se desviam com facilidade do fim proposto.  “Meus pensamento não são os vossos pensamentos e meus caminhos não são os vossos caminhos”
- Este Dom só habita naqueles que O estimam bastante para renunciarem-se em sua presença. Se somos sábios a nossos próprios olhos, Ele retirará sua luz e nos abandonará a nós mesmos.


VI - A Inteligência.

- Dom contemplativo: um antegozo da felicidade que lhe reserva na outra vida. A verdadeira luz da alma cristã. 
- Olhar profundo das coisas divinas. Sempre se encontra boas novidades, sempre atenta para logo reparar os danos que pode cometer.
- Este dom se conserva pela humildade, moderação dos desejos e recolhimento interior.
- Se percebe a própria via de santidade para o fim.
- A contemplação é o estado para o qual é chamado, em certa medida, toda alma que procura a Deus.
- Uma relação mais íntima que se estabelece entre Deus e a alma que lhe é fiel na ação  
- A beleza cheia de encantos dos mistérios, a qual era vagamente sentida, se revela; inefáveis harmonias que nem eram suspeitadas, aparecem.
- A alma se dilata com essas claridades que enriquecem a Fé, aumentam a Esperança e desdobram o Amor.
- Evangelhos a impressiona mais; encontra um sabor nas palavras do Salvador
- A santa Liturgia a emociona por suas fórmulas tão augustas e seus ritos tão profundos
- A leitura da vida dos santos a atrai.
- A vida quotidiana e a vida contemplativa não se contradizem. uma nunca é sacrificada pela outra, porque vê a harmonia que deve reinar entre elas.
-  Redime a seus olhos esse mundo exterior que ilude o homem carnal: é que a criatura visível, que trás a marca da beleza de Deus, é susceptível de servir à glória de seu Autor.
- Segundo a palavra de Isaias: “Crede, e tereis a inteligência”

VII - A Sabedoria.
- O saboreamento das coisas da inteligência. (mesma raiz etimológica). O sabor do soberano Bem.
- A Inteligência é então iluminação e a Sabedoria é união.
- A união com o soberano Bem se realiza pela vontade, quer dizer pelo amor que reside na vontade.
- O Querubim refulge de inteligência, mas acima dele ainda está o Serafim abrasado.
- A inteligência se completa pelo dom de Sabedoria que é como se fosse seu fim.
- Atinge mais intimamente a divindade pelo amor, aquele que saboreia o soberano Bem.

Notas sobre o Missal:
Na segunda parte temos a seguinte ordem da invocação, ela é dada aos pares, em temor de ajunta numa oração: Sabedoria e Inteligência; Conselho e Fortaleza; Ciência e Piedade; Temor.

Conforme Enciclopédia Católica (http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/) é possível fazer a seguinte relação entre Virtude Teologal e Cardeal, Dom e Bem aventurança:

Virtude
Dom do Espírito
Bem aventurança
Teológica: Fé
 Inteligência (dom contemplativo)
Os puros de coração, que verão a Deus.
Teológica: Esperança
 Ciência (dom ativo)
Os que choram (os pecados próprios e os do mundo), porque serão consolados
Teológica: Caridade
 Sabedoria (dom contemplativo)
Os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus
Cardeal: Prudência
 Conselho (dom ativo)
 Os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Cardeal: Justiça
 Piedade (dom ativo)
Os mansos (humildes) de coração, porque possuirão a terra
Cardeal: Fortaleza
 Fortaleza (dom ativo)
Os que têm sede e fome de justiça (santidade), porque serão saciados” 
Os sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus" 
Cardeal: Temperança
 Temor (dom ativo)
Os pobres de espírito (= os de espírito de pobreza), porque deles é o Reino dos Céus 

Também na enciclopédia ha uma relação dos dos dons com os frutos, mas não correspondem aos 12:
 Dom do Espírito
 Frutos
 Inteligência
A certeza da fé e o gozo espiritual
 Ciência
A certeza da fé e o gozo espiritual
 Sabedoria
A paz e o gozo espiritual
 Conselho
A bondade e a benignidade
 Piedade
A bondade, benignidade e mansidão
 Fortaleza
A paciência e longanimidade
 Temos
A modéstia e da temperança

A enciclopédia católica para frutos do espírito Santo nos diz:

São delicados atos de virtude resultantes do acolhimento dócil aos *dons do Espírito Santo, que brilham nos fiéis mais avan­ça­dos na santidade. S. Paulo (Gl 5,22-23) enumera nove: amor, alegria, paz, pa­ciên­cia, benignidade, bondade, fidelida­de, mansidão e autodomínio (a que a *Vul­­gata acrescenta mais três: modéstia, con­tinência e castidade). Esta enumeração é apenas indicativa. Entre os frutos do Espírito Santo incluem-se as *bem-aventuranças, que o são em mais elevado grau de per­fei­ção. Em cada uma das três *virtudes teo­­logais e das quatro *cardeais estabelece-se a sua relação com os *dons do E. S., com as *bem-aventuranças e com os f. do E.

graça(s) (na linguagem cristã)
1. Gra­ça-favor. É o dom de ordem natural ou sobrenatural por Deus concedido, por sua pura liberalidade ou em resposta a súplica a Ele dirigida diretamente ou pela intercessão de N.ª Senhora, de um santo ou mesmo de outras pessoas.

2. Graças actuais. São intervenções divinas atribuídas especialmente ao Es­pírito Santo, de iluminação da mente ou de moção da vontade, que permitem entrar ou avançar nos caminhos da santidade. São elas que levam o pecador à con­­versão e a pessoa em *estado de graça à procura e ao exercício dos meios de *santificação. Dizem-se “eficientes” quan­­­do, acolhidas, produzem o seu efei­to, e “suficientes” quando, recusadas ou não aproveitadas, ficam sem efeito.

3. Graça santificante. É o princípio da vi­da sobrenatural, que nos faz: a) parti­ci­pantes da natureza divina; b) filhos adop­tivos de Deus; c) irmãos de J. C. e com Ele herdeiros da bem-aventurança eter­na; d) justos e agradáveis a Deus; e) capazes de merecer sobrenaturalmente; f) capazes de penetrar na intimidade do próprio Deus; g) templos do Espírito Santo. A gra­­ça santificante é como que a estrutura da vida sobrenatural. Com ela nos são concedidas as capacidades de ope­rar sobrenaturalmente, a saber: as *vir­tu­des infusas ou sobrenaturais e os *dons do Espírito Santo. O seu exer­cí­cio, im­pulsionado pelas graças ­actuais, faz par­te dos principais meios de *santi­fica­ção. O progresso neste exercício leva aos *fru­tos do Espírito Santo e às *bem-aventuranças. A g. s. per­de-se pelo *pe­cado mortal, mas não pelos *pe­cados veniais e *imperfei­ções.

4. Es­tado de graça. Assim se cha­ma o estado da pessoa que, pela graça santificante, vive na amizade de Deus e, se nela morrer, vai para o Céu.

5. Gra­ças gratis datae. Tam­bém ditas *ca­ris­mas, são dons extraordinários mais des­tinados à edificação do próximo do que ao proveito de quem os recebe.

6. Ação de graças. Atitude de gra­t­dão pelos dons recebidos de Deus e dos quais se deve tomar consciência. A sua expressão máxima é a participação consciente na celebração eucarística, em união a J. C. no agradecimento ao Pai pelos dons do perdão e da graça santifi­cante que o próprio Cris­to nos mereceu. A oração eucarística é a mais perfeita ex­pressão de a. g. (como aliás sig­nifica o vocábulo *Eucaristia). Em todas as outras celebrações litúrgicas tem lugar importante a a. g., o mes­mo se podendo dizer em geral das ex­pres­sões da pie­dade popular.

Segundo o Missal, no domingo de Pentecostes, se canta o Veni Sancte Spiritus que possui a seguinte letra:


Veni, Sancte Spiritus,
et emitte caelitus
lucis tuae radium.
Veni, pater pauperum,
veni, dator munerum,
veni, lumen cordium.
Consolator optime,
dulcis hospes animae,
dulce refrigerium.
In labore requies,
in aestu temperies,
in fletu solatium.
O lux beatissima,
reple cordis intima
tuorum fidelium.
Sine tuo numine,
nihil est in homine,
nihil est innoxium.
Lava quod est sordidum,
riga quod est aridum,
sana quod est saucium.
Flecte quod est rigidum,
fove quod est frigidum,
rege quod est devium.
Da tuis fidelibus,
in te confidentibus,
sacrum septenarium.
Da virtutis meritum,
da salutis exitum,
da perenne gaudium.



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