Detalhe, o escoamento em um cilindro. Regiões laminares e turbulentas. |
Vendo a água da torneira da pia escoar um "filete macio d'água" lembrei-me das aulas de Máquinas de Fluxo onde aprendi sobre o número de Reynolds que antecede os estudos de perda de energia de pressão ao longo de uma tubulação, detalhes do curso de engenharia.
O físico britânico Osborn Reynolds (1842-1912) não só observou mas parametrizou esses fenômenos dos fluidos, provou ele que existem três regimes que os fluidos escoam: laminar, transiente e turbulento.
O laminar é o que observamos em filetes de torneiras pouco abertas ou naqueles cogumelos d'água que ornamentam alguns chafarizes, arrisco até uma linguagem semiótica de tranquilidade e equilíbrio tanto que o nosso corpo tem todos os fluidos nesse regime.
O transiente é uma fase onde o regime laminar começa a se perturbar indo para um regime turbulento
O turbulento já é quando abrimos a torneira toda ou quando o regime passa a ficar perturbado, já se fala aqui de escalas industriais ou fenômenos da natureza como tempestades.
Regime laminar: v, D, mi e rho devem se harmonizar para que o Re seja menor que 2100. |
Tal número (Re) é adimensional uma vez que todos os elementos que o resultam anulam suas unidades, foi observado que:
Re menor que 2100 resulta em regime laminar.
Re de 2100 a 4800 em transiente.
Re maior que 4800 em turbulento. Esse é o mais comum quando se trata de máquinas encontrando valores acima de um milhão.
A física observa algumas características dos fluidos como:
v = velocidade média do fluido (espaço¹/tempo¹)
D = longitude característica do fluxo ou diâmetro do tubo (espaço¹)
mi (letra grega) = viscosidade dinâmica do fluido ([massa/(tempo¹ x espaço¹)] ou [(força x tempo¹)/ espaço²] a segunda mais rara; é uma unidade bem incomum, apesar de viscosidade nos soar familiar)
rho (letra grega) = massa específica do fluido (massa/espaço³, que não é densidade)
A viscosidade (mi) dada por: [massa/(tempo¹ x espaço¹)] conta no regime de escoamento. |
O número de Reynolds é = (rho . v . D . mi^-1).
massa/espaço³ . espaço¹/tempo¹ . espaço¹ . (massa/(tempo¹ x espaço¹))^-1 = 1, ou seja, não sobrou nenhuma unidade, Re é adimensional.
Também pode ser entendido como força inercial dividida por força de viscosidade, ou seja, força por força é igual a 1.
Também pode ser entendido como força inercial dividida por força de viscosidade, ou seja, força por força é igual a 1.
O número que der dirá se o regime é laminar, transiente ou turbulento para qualquer fluido.
Essa será a base de dados para uma série cálculos e gráficos que em estudos de tubulações por exemplo, serve como elemento que dirá o quanto de energia o transporte de um fluido perde ao percorrer uma tubulação, ou seja, a turbulência gera atrito nas paredes que se transforma em modalidades derivadas como deformação ou calor, afinal a lei de Lavoisier é das mais supremas, a energia que entra é a somatória das energias que saem.
O curioso desse número é que foi descoberto por contemplação da água que escoa e uma fascínio pela hidrodinâmica. Contrário a nossa linguagem quotidiana desatenta que vê a água como parte dos nossos processos mais prosaicos como lavar pratos, tomar banho, beber etc, o físico britânico formulou uma série de analogias entre características que a física observa nos fluidos e formou as bases das mecânicas dos fluidos que hoje nos permite o domínio desde caldeiras a aviação nas fluidodinâmicas computacionais.
Deus, o mundo e nós mesmos fazem as coisas mais interessantes em nossa História e devem estar em constante harmonia em nossas mentes, neste post tratei um pouco do mundo, mas queira um dia poder cruzar a metafísica escolásticas com a sabedoria de Hugo de São Vitor para extrair o máximo de glória que tais coisas cantam, afinal como observado, nossas proporções corpóreas permitem que os fluidos de nosso organismo estejam alinhados em um regime laminar, que mais se relaciona a isso?
Limito-me aos regimes de escoamento, essa área de mecânica dos fluidos é bem complexa e em constante observação, me despeço.
Todos os santos jesuítas, rogai por nós.
Mateus R. C. de Paula.
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